Segundo
o Instituto Nacional do Câncer (INCA), um total de 300 mil brasileiros devem
ser diagnosticados com câncer apenas em 2018. Um dos mais recorrentes na
população masculina, o câncer de próstata representa 22% de toda estimativa, ou
seja, para o INCA, mais de 68 mil homens receberão a notícia de terem esse tipo
de câncer apenas esse ano.
Em
2015, quando a estimativa do INCA só para essa neoplasia era de 61,2 mil novos
pacientes, o Brasil registrou mais de 14 mil mortes por conta desta neoplasia.
Se a porcentagem de mortes por diagnósticos continuar em proporção, podemos
acreditar que quase 17 mil brasileiros morrerão vítimas dessa doença neste ano.
"Nós,
médicos nucleares, vemos de perto o quão danoso é o adiamento do diagnóstico e
acompanhamos os casos se repetirem. Mas, por outro lado conseguimos usar ferramentas
que auxiliam o paciente em toda a sua jornada na luta contra o câncer", comenta
o Dr. Gustavo Gomes, diretor clínico do Grupo Núcleos, pioneiro em Medicina
Nuclear no Centro-Oeste.
As
ferramentas às quais o médico se refere são os diagnósticos e tratamentos
feitos com materiais radioativos, os radiofármacos, que percorrem o corpo do
paciente em busca de células cancerígenas para apontar onde a doença está e até
mesmo combate-las. "Em geral, quando recebemos um paciente de câncer de
próstata, ele está em situação ou suspeita de metástase. O primeiro procedimento
é descobrir se existem e onde as células estão além do tumor", explica o Dr.
Gustavo.
O
exame mais moderno para rastrear o destino das células cancerígenas é o PET/CT
com PSMA-68GA. A sigla que se origina quando a proteína Antígeno
Específico de Membrana Prostática é radiomarcada com Gálio-68. Esse elemento,
ao ser inserido intravenosamente no paciente, se liga às células adoecidas e as
faz "brilhar" em exames de tomografias computadorizada por emissão de
pósitrons.
No
entanto, esse exame pode ser aplicado em mais de uma fase da luta contra o
câncer, pois, como diz o médico: "As metástases podem continuar após as
primeiras intervenções e ciclos de tratamento, portanto é muito importante que
o uso de PET/CT com PSMA-68GA ocorra em momentos críticos, pois a ferramenta
define os caminhos da terapia e pode ser crucial a favor do paciente".
No
ASCO 2018, maior evento de oncologia do mundo, que aconteceu no início de
junho, pesquisadores apontaram a efetividade do PET/CT com PSMA-68GA
em casos de recidivas, ou seja, quando a situação clínica do paciente volta a progredir depois de uma estabilização.
Há
na Medicina Nuclear métodos para monitorar a doença em regiões mais
específicas. A Cintilografia Óssea, por exemplo, permite que os médicos
nucleares monitorem a evolução do câncer
nos ossos.
Além
de definir os rumos do tratamento, a Medicina Nuclear também conta com métodos
terapêuticos. A própria proteína PSMA combinada com o elemento radiativo
Lutécio-177 é capaz de agir em combate direto ao câncer. "Em casos de câncer de
próstata avançado essa terapia tem mostrado resultados surpreendentes",
explica o diretor clínico do Grupo Núcleos.
Os
médicos nucleares contam também com o Rádio-223 em seu arsenal contra o câncer
de próstata. É uma das substâncias mais utilizadas pelos especialistas para
tratar a doença nos ossos.
Em agosto de 2017 a
Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) determinou que as operadoras de
planos de saúde passassem a cobrir, obrigatoriamente, o tratamento de câncer de
próstata metastático com Rádio-223. "Consideramos essa norma da ANS uma vitória,
esperamos agora que os órgãos que cuidam da saúde pública também se mobilizem,
queremos que isso chegue ao SUS. Esse tratamento garante que os pacientes vivam
mais tempo e com maior qualidade de vida quando comparados aos pacientes de
outros métodos que visam reduzir o câncer de próstata", finaliza o Dr. Gustavo
Gomes.